A poucos dias da final mundial da eSports World Convention (ESWC), e dando continuidade ao trabalho iniciado na semana passada junto dos FTW.G2A, desta feita o FRAGlíder foi ao encontro de João "KillDreaM" Ferreira, jogador Português que neste momento se encontra na equipa brasileira dos paiN, para saber um pouco mais sobre esta aventura internacional que começou à pouco mais de um mês e quais as perspectivas da equipa para a final mundial.

No passado mês de Setembro foi com enorme entusiasmo que assistimos ao teu ingresso nos paiN, numa mudança que te levou para fora do país. Como foi que tudo se desenrolou até terminar com o teu ingresso na equipa brasileira quando estavas anteriormente ligado aos Alientech?

A meio de julho falaram comigo para entrar na equipa, uma vez que o Lul4 estava em risco de ficar sem o visto e então não poderia ir com eles para os Estados Unidos, com esse impasse acabei por ficar até ao início de agosto à espera de saber se realmente iria ter a minha oportunidade ou não. Por um lado queria que o Lul4 fosse aceite porque ele merecia isso, porque era das pessoas com quem eu me dava melhor, e sempre tinha dito que se fosse para a equipa gostaria de ser a jogar com ele. Por outro uma vez que isso poderia não acontecer, obviamente que eu queria ter a minha oportunidade num projeto destes.

No início de agosto comunicaram-me que estava na equipa, algo que me fez ficar muito contente, e disseram-me também que uns 5 dias depois já tinha que estar no Brasil. Fiquei um bocado "atordoado" pois tinha tanta coisa para planear e pensar, e tinha tão pouco tempo para o fazer ainda assim ao mesmo tempo estivesse motivadíssimo. No dia a seguir o gomes falou comigo a dizer que o lul4 afinal tinha conseguido o visto. Nem sei explicar como fiquei quando soube isso, vi a minha oportunidade a fugir e custou-me imenso, fiquei uns dias bastante abalado e inclusive até pensei em desistir porque oportunidades como estas não aparecem todos os dias… 

Não havia em todo o caso nada a fazer e a vida continuou até que quando menos esperei o próprio Lul4 veio falar comigo a perguntar se queria entrar na equipa, e embora fosse algo que eu realmente queria, desta vez tentei ficar o menos emotivo possível porque algo poderia acontecer. Tive então 2 ou 3 dias para tratar de tudo, desde visto, contrato com a AlienTech, tudo e mais alguma coisa, mas era aquilo que eu queria e então tratei de tudo e aqui estou eu. Agora só tenho que provar que valeu a pena esta oportunidade e esta mudança.

Assumindo que a mudança para fora do país tenha sido uma das maiores alterações, o que foi que mudou após teres aceite o convite dos paiN e como foste recebido pela equipa?

Sim foi uma das etapas mais dificeis da minha vida, ficar longe da família, namorada, amigos, mas tudo seria mais difícil, se não tivesse sido tão bem recebido na equipa. Eu já os conhecia a todos, e dava-me bem com todos eles, mas é diferente  conviver a viver na mesma casa, cada um com o seu feitio, os seus hábitos, mas apesar de tudo somos uma família, que é o mais importante para uma equipa. O que realmente ajudou foi ter um grande amigo como o gomes por perto, que já me conhecia e conhecia-os a eles, e fazia com que tudo funcionasse na perfeição.
 


KillDreaM vive a sua primeira experiência internacional
Já na altura em que passaram por Portugal, primeiro como Keyd Stars e depois representando também os Alientech, os paiN mostraram algumas credenciais, nomeadamente aquando do Alientech Invitational II quando venceram a equipa onde te encontravas por esclarecedores 3-0 em mapas onde foram claramente dominadores. Pensas que foi nessa altura que a equipa percebeu que estaria ali um projeto que poderia dar algo mais em termos internacionais?

Eles enquanto estiveram em Portugal de uma viagem para a outra fizeram algumas alteraçoes, e eles em treinos contra boas equipas sempre conseguiram bons resultados, mas acredito que se não fosse uma organização, como neste caso os paiN, a pegar neles e a levar a equipa para os Estados Unidos, não sei ate que ponto eles, apesar de acreditarem, levassem o projecto para a frente, porque envolve muito dinheiro.

Quais são as principais diferenças que encontras entre as rotinas de treino e a preparação da competição, comparativamente ao que encontravas quando jogavas numa equipa nacional?

É dificil de comparar uma vez que isto se tornou full-time, porque até agora por norma é às 10h30 acordar para estar no pc às 11h00 para jogar DM, ver demos e basicamente acordar, para às 14h começar a realizar jogos até às 20h00, como é óbvio isto não acontecia em Portugal pois era sempre difícil de realizar porque um trabalhava, um estudava, um tinha que fazer algo… É complicado.

Analisando agora o momento atual dos paiN, foi possível verificar que em pouco tempo te tornas-te num dos jogadores mais influentes da equipa. Tinhas algum receio aquando da mudança ou acreditavas desde logo que terias um impacto imediato na equipa?

Eu não acho que já tenha realmente influência na equipa, uma vez que acabei por jogar com eles, sem treinar e então joguei de maneira diferente do habitual, em posições distintas das que costumo jogar. Acredito que no futuro e pode até ser já na ESWC, que possa realmente dar mais de mim à equipa e ai ter uma influência diferente. É esperar para ver como corre, eu quando entrei sabia que no início principalmente ia ser difícil, mas sempre acreditei que tanto ia ser bom para mim como para eles a minha entrada na equipa.
 


Depois de fox, também KillDreaM marcará presença em torneios internacionais com a bandeira nacional
Os paiN, à semelhança dos FTW, acabaram por recber um convite para participarem na final mundial da ESWC. Como é que esta notícia foi recebida e quais são os objetivos para a competição?

A equipa ficou muito contente e motivada porque é um bom torneio para podermos mostrar um pouco de nós, porque apesar de não ter sido na melhor altura devido a termos estado um mês parados, iremos fazer de tudo para atingirmos o nosso objectivo, que será vencer, e ao mesmo tempo para treinarmos e ganharmos expriência como equipa em competições offline.

Como tem sido a vossa preparação para o evento?

Antes de sabermos do convite, tivemos quase um mês sem treinar, por causa da mudança de Denver para Las Vegas, pelo que não tinhamos a Gaming House pronta, e começamos a treinar quando soubemos da ESWC. A partir daí a nossa preparação tem sido boa, claro que queriamos ter mais tempo para nos preparar melhor, mas temos feito os possíveis para chegar à competição num bom momento.

Com o sorteio a ditar que teriam pela frente as equipas ENCE, Rogue e Fnatic Academy, o que podemos esperar dos paiN frente a cada um destes opositores e qual a vossa reação ao sorteio?

Uma vez que o nosso objectivo é treinar, tentar ir o mais longe na competição e se possível ganhar, temos que enfrentar qualquer equipa. Temos consciência que são equipas complicadas, mas ao mesmo tempo que temos potencial para ganhar a qualquer uma delas, vamos ver como corre.

Na ESWC para além da tua presença, teremos duas outras equipas portuguesas em competição. O que pensas que será possível fazerem tanto K1CK Oldschool bem como os FTW?

Da mesma maneira que torci pelos K1CK Oldschool no qualificador da WESG, irei fazer o mesmo na ESWC, acredito que tanto para a minha equipa como para a deles, vai ser complicado passar os grupos mas se passarmos penso que conseguiremos ir longe, e ambas tem potencial para isso. Em relação aos FTW não sei muito bem o que esperar deles, mas estão com um grupo muito dificil para passar. Em todo o caso se o conseguirem, fico contente por eles, já que o que está aqui em causa é Portugal.

Desde já obrigado pela disponibilidade e votos de boa sorte tanto para a ESWC como para o futuro nos paiN. Gostarias de deixar algum comentário final?

Quero agradecer a ti pela a entrevista, e quero agradecer a todos os Portugueses que estão a torcer por mim e pela a minha equipa, irei fazer os possíveis para orgulhar o nosso país.
 

A cobertura da final da ESWC por parte da FRAGlíder irá continuar já nos próximos dias, com mais novidades.